Desde 2018, a McKinsey tem pesquisado milhares de agricultores em todo o mundo. No primeiro trimestre de 2024, foram entrevistados cerca de 4.400 agricultores na Europa, Índia, América Latina e América do Norte. A nova edição do Global Farmer Insights da McKinsey 2024, conhecida no Brasil como “A Mente do Agricultor” cobriu cinco áreas principais:
- Visões dos agricultores sobre riscos e oportunidades de lucro,
- Perspectivas de lucro futuro dos agricultores,
- Adoção de práticas sustentáveis,
- Adoção de produtos e tecnologias,
- Canais de compra e principais influenciadores na jornada de compra.
1. Riscos e oportunidades
O aumento nos preços dos insumos continua sendo a principal preocupação dos agricultores. Eventos climáticos extremos ocupam o segundo lugar.
“Os preços dos insumos continuam sendo a maior preocupação, com 48% dos agricultores apontando os aumentos de preços como o principal risco para os lucros, em comparação com 63% em 2022. Apesar de uma redução geral nos custos de fertilizantes e nos ingredientes ativos para proteção de cultivos no último ano, os agricultores relatam um aumento médio percebido de 13% nos custos gerais no mesmo período.”
Com os preços dos insumos permanecendo como uma das principais preocupações dos agricultores, observa-se um interesse crescente em produtos genéricos para proteção de cultivos como alternativa viável. Os dados reforçam essa tendência, com 37% dos agricultores norte-americanos demonstrando abertura para testar “novos produtos de proteção de cultivos”.
A principal estratégia para gerenciar a rentabilidade tem sido explorar novos “produtos para aumento de rendimento”.
2. Perspectivas de lucro
Melhorias de rendimento e eficiência de produção estão impulsionando a adoção de práticas agrícolas sustentáveis. Em um setor de margens reduzidas, com fluxo de caixa apertado e constante exposição a incertezas climáticas e de mercado, é essencial que novas práticas e produtos tragam benefícios financeiros rápidos.
3. Adoção das práticas sustentáveis
A adoção de biocontroles e bionutrientes como práticas de saúde do solo orientadas para a sustentabilidade está crescendo globalmente.
O uso de bioestimulantes chega a 26% nos Estados Unidos e 64% no Brasil, acima dos 52% da pesquisa de 2022.
Os agricultores não estão substituindo os protocolos tradicionais pelos biológicos; ao contrário, entrevistas revelaram que eles utilizam produtos biológicos como complemento aos protocolos existentes de fertilização e proteção de cultivos. Essa combinação, segundo os agricultores, contribui para melhorar o rendimento.
Cerca de 90% dos agricultores que utilizam biológicos disseram que esperam manter ou aumentar os gastos com produtos de base biológica.
Na América Latina, apenas 13% sugeriram que considerariam reduzir os gastos com biológicos (8% independentemente dos preços dos insumos e 5% se os preços dos insumos diminuírem) e 35% provavelmente continuarão aumentando os gastos com biológicos mesmo com as mudanças nos preços dos fertilizantes e defensivos agrícolas.
Em todas as regiões, a participação de agricultores em programas de carbono é baixa — apenas 12% afirmaram estar envolvidos atualmente, enquanto 54% já ouviram falar desses programas, mas não participam.
Sobre carbono, em todas as regiões, a participação de agricultores em programas de carbono é baixa — apenas 12% afirmaram estar envolvidos atualmente, enquanto 54% já ouviram falar desses programas, mas não participam.
4. Adoção de produtos e tecnologias
Agricultores em todo o mundo estão mais propensos a adotar novas tecnologias que aprimorem diretamente suas operações. Embora essa afirmação pareça evidente, há dados mais específicos:
No Brasil, mais de 50% dos respondentes utilizam uma solução digital e mais de 30% um hardware de agricultura de precisão e tecnologias de sensores, ficando atrás só dos Estados Unidos.
Já em relação à um software relacionado à sustentabilidade, lidera entre os países, com 20% dos produtores utilizando. Nos Estados Unidos, são 10%
5. Canais de compra e principais influenciadores na jornada de compra.
Agricultores ao redor do mundo apontam os distribuidores de insumos como uma influência chave nas recomendações sobre saúde do solo e em quase todas as decisões agronômicas. Na América Latina, porém, o grupo mais influente são os agrônomos próprios.
Sobre o canal de compra, a maioria dos agricultores ainda prefere interações presenciais, utilizando o canal digital como complemento para etapas específicas do processo de compra.
“Os agricultores não migraram significativamente para compras via e-commerce. A preferência por compras presenciais é especialmente forte ao fechar transações pela primeira vez”.
E a América Latina lidera em todo o processo de compra e com quase metade dos respondentes comprando digitalmente,principalmente pelo WhatsApp:
A McKinsey apresenta as seguintes conclusões:
“O papel do distribuidor continua tão importante quanto antes. Organizações voltadas para os agricultores, especialmente distribuidores integrados, mantêm uma posição privilegiada, com grande influência e conhecimento sobre as decisões dos agricultores. Ao mesmo tempo, esses distribuidores podem adaptar suas comunicações ao estágio em que o agricultor se encontra na jornada, incluindo a oferta de ferramentas digitais para prestação de serviços e recompra. Os resultados da pesquisa indicam que esse canal continuará sendo o meio mais eficaz para introduzir novos produtos e tecnologias, influenciar a adoção de práticas, oferecer educação aos agricultores, coletar dados e conectar os atores ao longo da cadeia de valor”.
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