Marketing em startups agtech

Compreenda conceitos e estratégias para o marketing em startups agtech trazer resultados e escala No universo das startups, escalar é o verbo mais desejado. Mas no agro brasileiro, onde o relacionamento pessoal ainda é rei, fazer isso exige mais do que um bom pitch ou uma landing page otimizada. Envolve estratégia, presença de campo, autoridade técnica e um equilíbrio inteligente entre o marketing digital e o bom e velho “aperto de mão”. Como, então, construir uma máquina de crescimento em um setor tão tradicional — e ao mesmo tempo tão aberto à inovação? Já abordamos sobre o conceito de startup, modelos de negócios, validação de ideias, investimentos em agtechs, pessoas e hoje vamos falar sobre marketing! Depois de anos escalando startups que hoje são referência no mercado AgTech, aprendi uma coisa: o marketing em agtech não pode ser só digital — mas também não pode ser só presencial. O segredo está no equilíbrio e na execução contextualizada. Crescer com estratégia: de MVP ao mercado escalável Toda startup quer tração, mas crescer rápido sem base é como plantar em solo sem preparo. O marketing precisa ser construído desde o primeiro dia com visão de crescimento. E aqui entram estratégias como: 1. Growth Hacking: crescer com criatividade e dados Growth hacking não é “milagre”, é processo. Testes rápidos, hipóteses baseadas em dados, e ações de baixo custo para validação de canais. No agro, vale desde testar uma cold call estruturada até disparos de WhatsApp com vídeos técnicos de 30 segundos. Pequenos testes podem gerar aprendizados valiosos. Diversos “hacking” funcionam. Mas, e eu acredito que “growth” é mais que uma estratégia, é uma mentalidade que a empresa inteira precisa ter. Não adianta nada escalar o marketing e o time comercial não está preparado, o produto tem limitação de usuários, não há suporte e/ou sucesso do cliente. Já causei muita discussão sobre isso, mas defendo que meta de faturamento tem que estar nos OKRs de todos os times da empresa. Isso mata (em partes) as discussões entre comercial e produto e coloca a entrega de valor (que é o que escala) no foco de todos. A “culpa” do não crescimento é sempre do time comercial (incluindo marketing). Mas, você pode ter o power point mais lindo do universo (no início até vende). Se o produto não entrega, esquece a escala. Ainda mais no agro que o produtor está literalmente olhando a grama do vizinho e seguindo recomendações que de fato dão resultado. Recomendo fortemente a leitura do livro “Hacking Growth” do Sean Ellis e Morgan Brown. Um verdadeiro manual! 2. Inbound Marketing com conteúdo técnico e educativo Produtores e consultores buscam conhecimento antes de buscar soluções. Ter um blog ou portal de conteúdo com artigos sobre manejo, vídeos curtos com especialistas e eBooks sobre MIP, produtividade ou biológicos é o primeiro passo para construir autoridade e confiança. O conteúdo técnico bem feito é o novo cartão de visitas. Podcasts funcionam muito porque o “agro não pára” e está sempre rodando quilômetros e hectares. 3. Mídia paga que converte Investir em tráfego pago nas redes certas — Facebook rural, Instagram, LinkedIn e Google — é também importante. Mas o diferencial está em segmentar por região, cultura e dor específica. Uma campanha sobre controle biológico para milho no Mato Grosso voltada para pessoas de perfil X, Y e Z é muito mais eficaz do que uma genérica sobre “soluções sustentáveis”. 4. Redes sociais com propósito Instagram e YouTube são as novas vitrines do campo. Mas mais do que mostrar produto, é preciso contar histórias: do produtor que testou o produto, do engenheiro que criou a solução, do impacto real no campo. Humanizar a tecnologia aproxima e fideliza. E se tem algo que o agro tem são boas histórias. Não subestime o poder do branding no agro Além das estratégias de tração, é fundamental trabalhar o branding desde o início. Startups que constroem marca não vendem apenas produtos ou serviços — elas entregam uma experiência e constroem comunidade. No agro, onde a confiança e o relacionamento são diferenciais competitivos, uma marca forte se torna ativo estratégico: gera reconhecimento, reduz barreiras de entrada, aumenta o valor percebido e ajuda a formar uma base de clientes fiéis. O marketing institucional — quando bem feito — posiciona a startup como protagonista no setor, com voz, propósito e relevância. Comunidades agro se formam em torno de marcas que comunicam com autenticidade, mostram resultados e se comprometem com o campo. Como posicionar uma AgTech e construir marca no agro Posicionar uma AgTech no mercado envolve uma dose de técnica e uma boa pitada de reputação. Afinal, vender para o agro é vender confiança. 1. Defina seu nicho (personas) e sua narrativa Quem é sua startup e o que ela resolve melhor do que ninguém? Biológicos para cana? Monitoramento para soja? Finanças para pequenos produtores? O que você faz, para quem e onde eles estão? Seja específico. A clareza da sua persona define sua narrativa, posicionamento e canais para investimento. A partir disso, estabeleça uma estratégia clara e alinhada aos objetivos comerciais da empresa. Defina um orçamento realista para marketing, com foco tanto em awareness quanto em geração de leads qualificados, e monitore KPIs (como CAC, LTV, MQLs e conversão) desde o início. Mais importante ainda: não espere o final do ano para ajustar campanhas ou mostrar resultados ao conselho e investidores. Um bom marketing é orientado por dados, com ciclos curtos de análise e ajustes ágeis — isso evita desperdício e acelera o crescimento sustentável. 2. Participe de eventos agro (com estratégia) Rural Summit, Expodireto, Agrishow, e eventos regionais são vitrines importantes. Mas não basta estar presente — é preciso ativar o evento. Faça demonstrações, leve produtores clientes para contar seus resultados, capture leads e nutra depois. Evento bom gera relacionamento e negócios. 3. Construa autoridade técnica Esteja em portais como AgFeed, Notícias Agrícolas, Canal Rural, seja entrevistado, escreva artigos, participe de podcasts técnicos. No agro, quem ensina, lidera. A reputação técnica é um ativo de altíssimo valor. E precisamos trabalhar
Gestão de pessoas em Startups AgTechs

Montar uma startup já é desafiador. Fazer isso no agronegócio — setor de margens apertadas, ciclos longos e adoção cautelosa — exige ainda mais do empreendedor. E um dos pilares centrais para o sucesso de qualquer AgTech é a formação de um time forte, alinhado à cultura e à realidade do campo. Afinal, sem gente boa, comprometida e com a botina na terra (ainda que de forma digital), nenhuma ideia escala. Mas como encontrar e reter talentos em um mercado competitivo, onde a tecnologia precisa andar lado a lado com o conhecimento técnico do agro? Como desenvolver uma cultura organizacional que combine inovação e praticidade, com times que muitas vezes atuam remotamente e enfrentam a complexidade da porteira para dentro? Já abordamos sobre o conceito de startup, modelos de negócios, validação de ideias investimentos em agtechs e hoje vamos falar sobre: pessoas! Hiring certo: mais do que currículo, é mentalidade Em uma startup, especialmente no início, cada contratação pesa. Por isso, o processo de hiring deve considerar não apenas habilidades técnicas, mas principalmente o fit com a missão, a velocidade e o propósito da empresa. No agro, isso é ainda mais sensível: o time precisa entender o campo, respeitar o tempo do produtor e saber traduzir tecnologia em valor percebido. Perfis híbridos — profissionais com experiência em tecnologia e vivência no agronegócio — são difíceis de serem encontrados e extremamente valiosos. Enquanto isso, empreendedores têm apostado em formações internas, parcerias com universidades e aceleração de talentos de base técnica. Outro fator decisivo é o mindset de aprendizado contínuo. Em um setor que muda rápido, a adaptabilidade é mais importante que a bagagem. A cultura que une: agilidade com raízes e propósito Criar uma cultura de startup no agro vai muito além de usar metodologias ágeis ou ferramentas digitais. É sobre construir confiança em um time que pode estar disperso geograficamente, mas precisa estar unido por valores e metas muito claras. Startups de sucesso no setor agro têm apostado em rituais simples: check-ins semanais, reuniões de aprendizado, trocas com o campo e contato direto com o usuário final. Outro ponto essencial é a transparência nas decisões e nas métricas de desempenho. Como os ciclos são mais longos no agro, é preciso manter o time motivado mesmo quando os resultados levam tempo a aparecer. Incentivos não precisam ser apenas financeiros — envolver a equipe nas conquistas com clientes, nas visitas ao campo e nas decisões estratégicas é o que cria pertencimento. Por fim, o que não pode faltar: Gente certa, cultura certa: o diferencial que não se copia Tecnologia pode ser replicada. Modelo de negócios pode ser ajustado. Mas gente alinhada e cultura viva são diferenciais inimitáveis. Startups do agro que querem crescer de forma sustentável precisam tratar cultura como ativo estratégico, e não como item decorativo. E isso começa no primeiro contrato, na primeira reunião e, principalmente, na forma como os líderes inspiram e conectam.