Foodtechs são startups ou empresas inovadoras que aplicam tecnologia e ciência para criar soluções no setor alimentício. Elas podem atuar em diversas áreas da cadeia de produção e consumo de alimentos, desde o desenvolvimento de novos ingredientes e processos de produção sustentável até o uso de tecnologias para otimizar a distribuição, o consumo e a experiência alimentar.
É foodtech? Faça parte (gratuitamente) do ecossistema Rural.
Segundo a Grand View Research, o mercado global de tecnologia de alimentos foi estimado em US$ 172,66 bilhões em 2022 e está projetado para crescer a uma taxa composta anual (CAGR) de 9,9% entre 2023 e 2030. O aumento da demanda por automação e digitalização na cadeia de suprimentos alimentícia é um dos principais fatores que impulsionam esse crescimento. Além disso, o aumento dos investimentos e os avanços tecnológicos também têm contribuído significativamente para a expansão do mercado.
No setor industrial, o mercado é segmentado em peixes, carnes, frutos do mar, frutas e vegetais, grãos e óleos, laticínios, bebidas, panificação e confeitaria, entre outros. O segmento de peixes, carnes e frutos do mar liderou o mercado de tecnologia de alimentos em 2022, representando mais de 19,0% da receita, e deve registrar o maior CAGR de 11,4% durante o período projetado.
Este setor desempenha um papel crucial no mercado geral de alimentos e bebidas. Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), em 2021, o processamento de carnes foi o maior componente em valor agregado no setor alimentício dos EUA, com 22,2%. Além disso, a crescente demanda por carne congelada e alternativas tem impulsionado o crescimento desse segmento.
Já o Statistica estima o tamanho do mercado global de tecnologia para a indústria de alimentos em U$ 260 bilhões em 2022 e projeta U$ 360,19 em 2028.
As foodtechs buscam resolver desafios como segurança alimentar, eficiência produtiva, sustentabilidade, redução de desperdícios e acesso a alimentos mais saudáveis. Há diversas tendências que o mercado de alimentos analisa em relação aos consumidores.
A publicação “2024 Global Food and Drink Trends“, uma das mais importantes do setor, recomenda como as marcas podem agir frente às tendências:
- Confie no Processo: Uma comunicação clara se tornará necessária para ajudar os consumidores a tomar decisões informadas sobre como alimentos e bebidas processados e ultraprocessados se encaixam em suas dietas.
- Reformulação da Idade: O envelhecimento saudável será redefinido ao desmascarar estigmas “antigos” e priorizar a extensão dos anos saudáveis dos consumidores.
- Alimentação Otimizada: Uma nova era de conveniência surgirá à medida que a tecnologia simplifica o planejamento de refeições, as compras e o cozimento.
Exemplos de inovações dessas empresas incluem:
1. Impressão 3D de Alimentos
- A tecnologia de impressão 3D permite a criação de alimentos em formatos e texturas personalizados, como chocolates e pizzas, usando ingredientes frescos ou misturas alimentares. Empresas estão experimentando essa tecnologia para criar alimentos nutricionalmente balanceados e para personalizar refeições em hospitais e restaurantes.
2. Cultivo de “Carne” em Laboratório
- Conhecida como carne cultivada ou “carne limpa”, essa tecnologia envolve o cultivo de células animais em laboratório para produzir carne sem a necessidade de abater animais. Empresas como a Memphis Meats estão desenvolvendo essa inovação, com potencial para reduzir o impacto ambiental da pecuária tradicional.
3. Alimentos Plant-Based
- Produtos à base de plantas que imitam a textura e sabor de carne e laticínios estão ganhando espaço, como os hambúrgueres Impossible Burger e Beyond Meat. Essas tecnologias utilizam ingredientes vegetais para atender à crescente demanda por alternativas sustentáveis e saudáveis à proteína animal. Segundo o Mintel Global Consumer, os consumidores na Índia, Chile e Espanha dizem que comeriam mais alternativas de carne ou laticínios de origem vegetal se fossem menos processados
Fonte: Mintel Global Consumer, Food & Drink, março de 2022
4. Blockchain para Rastreabilidade
- A tecnologia blockchain permite o rastreamento da cadeia de produção de alimentos, garantindo maior transparência e segurança alimentar. Ela ajuda a monitorar a origem dos ingredientes, processos de produção e até condições de transporte, como utilizado pela IBM Food Trust em parcerias com grandes redes varejistas.
5. Internet das Coisas (IoT)
- O uso de sensores conectados permite monitorar as condições de armazenamento e transporte de alimentos em tempo real, garantindo que eles sejam mantidos em temperaturas ideais e evitando desperdícios. A IoT também auxilia na automação de processos de produção e embalamento.
6. Inteligência Artificial (IA)
- A IA está sendo aplicada em várias etapas da produção alimentar, desde a previsão de demanda de ingredientes até a personalização de receitas e a automação de linhas de produção. Empresas utilizam a IA para otimizar a criação de novos produtos e identificar melhorias nos processos.
7. Fermentação de Precisão
- Esta tecnologia usa microrganismos geneticamente modificados para criar proteínas e outros compostos encontrados em alimentos de origem animal. Um exemplo é a produção de leite sem a necessidade de vacas, como desenvolvido pela Perfect Day.
8. Embalagens Inteligentes e Biodegradáveis
- A indústria está investindo em embalagens que não apenas são biodegradáveis, mas também contêm sensores que monitoram a qualidade dos alimentos, indicando se um produto está perto de estragar ou se foi exposto a condições inadequadas de armazenamento.
9. Técnicas de Conservação e Processamento de Alimentos
- Tecnologias como a alta pressão hidrostática (HPP), irradiação e pasteurização a frio são usadas para preservar alimentos sem comprometer sua qualidade nutricional, eliminando microrganismos nocivos sem o uso de conservantes químicos.
10. Agricultura Vertical e Hidropônica
- Tecnologias que permitem o cultivo de alimentos em ambientes controlados, sem a necessidade de solo (hidroponia) ou em estruturas verticais, economizando espaço e recursos, além de possibilitar a produção de alimentos mais próxima dos centros urbanos, como praticado pela AeroFarms.
10. Redução de desperdício
- Cerca de 52,2% da população brasileira enfrenta algum nível de insegurança alimentar, o que equivale a 116 milhões de pessoas sem a garantia de uma alimentação digna, muito menos saudável, na próxima refeição. Paralelamente, o Brasil desperdiça 26,3 milhões de toneladas de alimentos anualmente. As soluções para redução de desperdício atuam com plataformas de reaproveitamento de alimentos fazendo a conexão entre vendedores e consumidores, aproveitamento de resíduos na indústria de alimentos, com previsão otimizada de demanda, conservação inteligente de alimentos, redistribuição de alimentos para ONGs e até o acompanhamento do desperdício no consumidor final.
11. Foodtechs de delivery
- São startups que utilizam tecnologia para inovar na entrega de alimentos, oferecendo soluções digitais para conectar consumidores a restaurantes, mercados ou cozinhas especializadas. Essas foodtechs otimizam o processo de pedido, pagamento e logística, facilitando a compra de refeições prontas ou ingredientes por meio de aplicativos e plataformas online. Elas se destacam por sua eficiência, com uso de algoritmos para otimizar rotas de entrega, rastreamento em tempo real, inteligência artificial para personalizar recomendações e, muitas vezes, pela integração de sistemas de pagamento rápido. Exemplos conhecidos incluem iFood, Uber Eats e Rappi.
A pandemia de COVID-19 teve um impacto positivo no mercado de tecnologia de alimentos, acelerando a adoção de serviços de entrega de alimentos online e kits de refeição, à medida que os consumidores priorizaram opções sem contato. Essa mudança impulsionou o aumento de investimentos em plataformas de entrega de alimentos e soluções digitais.
Essas inovações são impulsionadas pela demanda crescente por alimentos mais saudáveis, sustentáveis e acessíveis globalmente.
About The Author
